quarta-feira, 27 de agosto de 2014

História do Patinho Feio

O Patinho Feio (em dinamarquês Den grimme ælling) é um conto de fadas do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado pela primeira vez em 11 de Novembro de 1843.
Um filhote de cisne é chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente dos demais filhotes, o pobre é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos e outras aves.

Um dia, cansado de tanta humilhação, foge do ninho. Durante a sua jornada, ele para em vários lugares, mas é mal recebido em todos. Por fim, uma família de camponeses encontra o "patinho" feio e ajuda-o a superar o inverno.
Quando finalmente chega a primavera, a família devolve-o para o lago, onde ele abre as suas asas e se une a um majestoso bando de cisnes, sendo então reconhecido como o mais belo de todos.

Vista de Copacabana

O Forte de Copacabana localiza-se na ponta de Copacabana, ao final da praia e bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Lenda Coreana

 Os sapatinho vermelhos.
Era uma vez....

... Uma menina pobre e sozinha, tão pobre que nem sapatos tinham. Ela morava em uma cabana, na floresta, e seu grande sonho era ter um par de sapatos vermelhos. Por isso, foi guardando todos os trapos vermelhos que encontrava, até que conseguiu fazer um par de sapatos vermelhos de pano.

Ela adorava seus sapatos, usá-los fazia com que se sentisse feliz, mesmo tendo que passar os dias procurando frutas e nozes para comer, no bosque solitário onde vivia.
Um dia....


... Ela estava andando por uma estrada, quando passou uma velha muito rica, em uma carruagem dourada. A velha parou ao lado da menina, e disse "vou leva-la para minha casa, e cria-la como minha filha". Pobre e sem esperanças, a menina aceitou o convite e foi morar na casa da velha senhora.

Ao chegar, os criados lhe deram banho, pentearam, cortaram o cabelo e vestiram com roupas novas e muito bonitas. Animada com as coisas novas, a menina nem se lembrou dos trapos que usava, nem dos seus adorados sapatinhos vermelhos. Quando, passados alguns meses, perguntou sobre eles aos criados, foi informada que a senhora havia jogado tudo no fogo, dizendo que as roupas eram imundas e os sapatos eram ridículos.

A menina ficou muito triste, porque adorava os seus sapatinhos vermelhos. Além disso, a vida nova tinha perdido todo o encanto. Ela era obrigada a ficar sentada, quietinha, o dia todo. Não podia comer com as mãos. Não podia correr ou pular, ou rolar na grama. E, quanto mais o tempo passava, mais falta ela sentia de seus lindos sapatinhos vermelhos. Mais importantes eles se tornavam.
O tempo passou...


... E chegou o dia de ser crismada - porque a velha senhora era muito religiosa e fazia questão de que a menina recebesse esse sacramento. Essa era uma grande ocasião para ela, que queria que a menina se apresentasse impecável na igreja. Costureiras foram chamadas para fazer o vestido. E a senhora levou a menina a um velho sapateiro aleijado, que era considerado muito bom, para fazer um par de sapatos novos para a ocasião especial.·.
Na vitrine do sapateiro havia um lindo par de sapatos vermelhos, do melhor couro. A menina escolheu os sapatos vermelhos, e a velha senhora, coitada, que enxergava tão mal que nem podia distinguir as cores, deixou que ela os levasse. O velho sapateiro, conivente, piscou para a menina e embrulhou os sapatos.

A entrada da menina na igreja, no dia seguinte, foi um escândalo. Todos olhavam para os sapatos vermelhos da menina. Como alguém podia se apresentar para a crisma com uns sapatos tão indecentes? A menina, entretanto, achava seus sapatos mais lindos do que qualquer coisa.

Quando chegou a casa, a tempestade estava armada. A velha senhora, que havia ouvido todos os comentários maldosos, proibiu a menina de usar novamente os tais sapatos. “Nunca volte a usar os sapatos vermelhos!", ordenou furiosa.

A menina, entretanto, estava fascinada pelos sapatos. No domingo seguinte, quando foi à missa de novo, colocou os sapatos - e, novamente, a velha senhora não percebeu de que se tratava, pois enxergava muito mal.

Na entrada do templo, havia um velho soldado ruivo, com o braço enfaixado. Ele se reclinou em frente à menina, dizendo "posso tirar o pó de seus lindos sapatos?" A menina, toda orgulhosa, deixou que ele o fizesse. Enquanto limpava os sapatos, ele disse para a menina "não se esqueça de ficar para o baile", e cantou uma musiquinha alegre.

Novamente, se repetiu a desaprovação de todos dentro da Igreja. A menina, fascinada com seus sapatos, nem ligava. Não escutava a missa, não via ninguém. Só olhava para seus lindos sapatos vermelhos.

Na saída, o velho soldado disse para a menina "que belas sapatilhas para dançar". E a menina, mesmo sem querer, começou a rodopiar ali mesmo.
Sem parar...


... Ela continuou dançando, dando voltas, fazendo piruetas. Todos corriam atrás, assustados. O cocheiro da velha senhora tentou alcançá-la, mas foi em vão. Finalmente, um grupo de pessoas conseguiu segurá-la, e o cocheiro arrancou os sapatos vermelhos, com grande dificuldade, dos pés da menina.

Ao chegar a casa, a velha senhora guardou os sapatos no fundo do armário, e disse para a menina "agora me ouça, nunca mais use esses malditos sapatos vermelhos". A menina, entretanto, não conseguia parar de pensar nos sapatos. Muitas vezes abria o armário, e ficava espiando os seus lindos sapatinhos vermelhos.

Algum tempo depois a velha senhora adoeceu. A menina, que já tinha que se comportar e ficar quieta, agora tinha que andar na ponta dos pés pela casa, para não perturbar. Estava enjoada, entediada. E não resistiu.
Abriu o armário...


... E pôs nos pés os sapatos vermelhos. Imediatamente, começou a dançar, rodopiar, bailar. Era como se os sapatos a guiassem. Eles a levavam, dançando, para onde queriam. E assim ela saiu de casa, dançando, e atravessou a propriedade, dançando, e chegou à floresta, dançando.

Na entrada da floresta, estava o velho soldado que havia encontrado na porta da igreja no dia da crisma. Ele estava encostado em uma árvore, e a saudou, repetindo "puxa, que lindos sapatos para dançar!" E lá se foi à menina, dançando, atravessando campos e cidades. Exausta, tentava, vez por outra, arrancá-los. Mas não conseguia.

Dançando, dançando, dançando, foi-se a menina pelo mundo. Tentou entrar em uma igreja para se benzer, mas o sacristão disse-lhe que não poderia, pois seus sapatos eram malditos. Tentou se aproximar de alguém, mas a maioria não queria ajudá-la, com medo de sua maldição. E os poucos que o faziam não conseguiam arrancar os sapatos malditos dos seus pés.

Por fim, exausta, a menina procurou o carrasco de uma aldeia, e lhe implorou que cortasse os sapatos. O carrasco tentou, mas não conseguiu. Desesperada, a menina disse "então me corte os pés, não posso viver dançando".

O carrasco, penalizado e implorando perdão a ela e a Deus, cortou seus pés, com lágrimas nos olhos. E os seus pés, com sapatinhos vermelhos e tudo, continuaram dançando, dançando, dançando, pelo mundo afora.
Agora, a menina era uma pobre aleijada...



... E teve que aprender a viver dessa maneira. Sem sapatos vermelhos, e trabalhando como criada.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

MURALISMO :::

Conheça um pouco da origem desta maravilhosa técnica
 que apresentamos
 no nosso próximo curso Cola Caco, no Rio de Janeiro.



muralismo foi cultivado nas civilizações grega e romana,
 entre
 os quais se destacam os encontrados nas ruínas de Pompeia
 e Herculano. A técnica também foi muito empregada na
 Índia nos murais das cavernas de Ajanta, e na China da
 dinastia Ming.


No século XIII, os trabalhos de Giotto deram extraordinário
 impulso à pintura mural e, a partir de então, surgiram grandes
 mestres dessa técnica. No Renascimento, foram criadas 
algumas obras-primas do muralismo, como os afrescos da
 capela Sistina, porMichelangelo,e a "Última ceia", de Leonardo
 da Vinci. Após o Renascimento, com o interesse progressivo
 por tapeçarias e vitrais para uso na decoração de interiores,
 a pintura mural entrou em decadência no Ocidente.

No século XX, a pintura mural ressurgiu, com todo vigor, 
em três fasesprincipais: um gênero mais expressionista e
 abstrato que 
surgiu a partir de grupos cubistas e fauvistas, em Paris,
 e se manifestou nos trabalhos de Picasso, Matisse, Léger,
 Miró e Chagall; outro que se manifestou a partir do
 movimento revolucionário mexicano; e um movimento
 mural de curta duração, na década de 1930, nos
 Estados Unidos.

No México, a tradição milenar da pintura mural, também
 praticada por algumas culturas pré-colombianas,
 ressurgiu nas primeiras décadas do
 século XX, coincidindo com o movimento revolucionário.
 Os artistas
 da época viram no muralismo o melhor caminho
 para plasmar 
suas ideias sobre uma arte nacional popular e
 engajada.

O Arsenal, Frida kahlo distribuido Armas, Diego Rivera, 1928 © imagem por moosoid9

Em Portugal existe uma variante de muralismo executada
 com azulejos, que têm vários tipos de expressão: desde a 
simples composição com azulejos coloridos até a forma clássica de 
desenhos executados antes do azulejo ser cozido.
Painel de azulejos de Jorge Colaço 

Os murais de mosaico ficaram populares a partir da cultura
 portuguesa de pintura e queima em azulejos, com mais de
 500 anos de tradição. 

No Brasil, alguns artistas como Cândido Portinari,
 Tomie Otake e Romero Britto usaram a técnica do mosaico
 em seus murais. Alguns dos grandes autores de muralismo
 com mosaico muito marcantes no urbanismo
 brasileiro foram: Aldemir Martins, Paulo Werneck,
 Athos Bulcão,
 Rodrigo de Haro, Cláudio Tozzi, Clóvis Graciano e 
Glauco Rodrigues. 

Uma das expressões do muralismo é a filosofia de 
construção coletiva de um projeto único.
 A criatividade individual é potencializada na visão global da obra.
 Pode ser um projeto conjunto, sem um único dono,
 em uma obra pública ou particular. 

Foi nessa filosofia que criamos o nosso projeto
 Coletivo Cola Caco
com a construção de muros de mosaico com
 diferentes autores, no Rio de Janeiro. 

JUNG E A METÁFORA ALQUÍMICA



INTRODUÇÃO

"A alquimia representa a projeção em laboratório
de um drama ao mesmo tempo cósmico e psicológico."
C.G.Jung¹

Hoje, às vésperas do terceiro milênio, vemos despertar uma série de movimentos "religiosos" que possuem entre suas características a volta à natureza, o esoterismo, a busca do transcendente, etc. o que em outras palavras significa uma volta ao ser.
Dentro destes movimentos podemos perceber elementos ligados à alquimia os quais adquirem hoje atualidade e importância para a compreensão dos fenômenos naturais e individuais.
Neste sentido podemos perceber a visão profunda, aberta e profética de C.G.Jung ao aplicar ao processo de individuação, isto é, à busca da perfeita realização da pessoa humana, a metáfora alquímica de modo a iluminar o processo de integração psíquica, tantas vezes reduzido à técnicas dentro de uma visão empírica e cientificista, com a sabedoria milenar dos alquimistas.
Sua intuição tem produzido frutos e continua a ser desenvolvida no âmbito da psicologia analítica não só aplicada ao processo de individuação de cada pessoa, mas do próprio mundo. Neste sentido, a psicologia analítica com a metáfora alquímica tem hoje a palavra que o mundo anseia em todas as suas buscas do Ser.
Veremos neste trabalho em que consiste e como é que esta sabedoria alquímica milenar chegou até nós passando antes pelas mãos de Jung.

1 – A METÁFORA ALQUÍMICA ANTECEDENTE
A metáfora alquímica junguiana é o resultado de um processo metafórico antecedente e que constitui o processo alquímico em si mesmo conforme a sua realização num momento particular da história.A alquimia, tradição antiquíssima de origem incerta, consiste em uma série de ensinamentos práticos e teóricos voltados à transformação e ao aperfeiçoamento da matéria que se expressaria na transmutação de metais vis em ouro e na preparação do elixir da vida.
Sua origem, particularmente no caso da alquimia européia, parece proceder do Egito onde era associada ao culto do deus Thoth, que se tornou Hermes na Grécia antiga e Mercúrio, em Roma.
Nasce como uma ciência natural que busca a compreensão da própria natureza a partir de uma especulação filosófica, como se pode ver já na filosofia pré-socrática no século VI a C. É dela que nasce o conceito de prima matéria a partir da crença de que o mundo tinha origem em uma única substância que era subdividida nos quatro elementos terra, ar, fogo e água, os quais, segundo diferentes recomposições faziam surgir todos os objetos físicos existentes no universo. Esta idéia, a prima matéria, teve sua evolução chegando com Aristóteles a ser considerada como pura potencialidade, que em seguida adquire forma, quando é atualizada na realidade.

Assim:
"A alquimia é uma ciência natural que representa uma tentativa de entendimento de fenômenos materiais de natureza; é um misto da física e da química desses tempos remotos e corresponde à atitude mental consciente daqueles que a estudaram e se concentraram no mistério da natureza, em especial dos fenômenos materiais. Também é o princípio de uma ciência empírica"².
Este empirismo era como vimos nesta citação acompanhado por uma visão de mundo, por uma filosofia chamada "Hermética", nome derivado de Hermes (Mercúrio) que era o principal símbolo da substância que é transformada durante o processo alquímico.
Sua história, porém, é bastante complexa dada a extensão temporal, chegando até nossos dias e territorial, já que se espalhou por várias partes do mundo³. O que se sabe é que esteve em evidência nos séculos XVI – XVII, quando atingiu o seu desenvolvimento completo, graças, em grande parte ao trabalho de Paracelso(1493-1541) e seus alunos.
O século XVIII marca o desaparecimento da alquimia já que o seu "método de explicação: "obscurum per obscurius, ignotum per ignotius"- o obscuro pelo mais obscuro e o desconhecido pelo mais desconhecido, era incompatível com o espírito do iluminismo e particularmente com o alvorecer da ciência química, no final do século"(4).
Apesar de todas as diferenças encontradas nas instruções dos alquimistas, pode-se notar, contudo, uma concordância na maioria no que se refere aos pontos principais, isto é, os quatro estágios do processo alquímico, marcados pelas cores originárias já presentes em Heráclito: melanosis ( enegrecimento), leukosis(embranquecimento), xanthosis(amarelecimento) e iosis(enrubescismento) ou respectivamente nigredo, albedo, (...), rubedo(5).
A descrição destes processos aos quais é submetida a prima materia em vias de transformação não deixa de ser uma metáfora já que o alquimista não podia controlar o processo e nem mesmo prever o resultado final. É esta a metáfora alquímica que antecede a metáfora alquímica em Jung.

2 – A METÁFORA ALQUÍMICA EM C.G.JUNG
2.1 – O CONTATO
Pode se notar na vida de Jung que a alquimia ocupou um lugar de destaque seja pelo número quanto pela importância dos escritos que ele dedicou a este tema.
Além da busca do significado de alguns sonhos que levou Jung à constatação de ser "condenado a estudar a alquimia desde o princípio", o seu contato com a alquimia se dá através da leitura do Segredo da flor de ouro, texto esotérico taoísta chinês, pouco conhecido naquela época e traduzido parra o alemão por Richard Wilhelm, que o enviou em 1928 para que Jung fizesse uma apreciação(6). A partir deste momento Jung irá estudar a alquimia, estudo este que irá se estender por quase quinze anos antes que ele publicasse algo a respeito do tema(7).
É preciso considerar, no entanto, que Jung já possuía conhecimento alquímicos como pode ser demonstrado por seus escritos anteriores como Energética psíquica em 1928 quando cita a obra de Herbert Silberer, Probleme der Mystik un iher Symbolik de 1914. Há ainda uma indicação da Sabina Spilrein segundo a qual por volta de 1912, época da primeira redação de Transformação e símbolo da libido em 1912, Jung teve contato com a figura de Zozimo que irá desempenhar importante papel na interpretação junguiana da alquimia(8).
Por fim, cabe dizer que a biblioteca alquímica de Jung, suas fichas de trabalho, juntamente com as amplas bibliografias que completam suas obras Psicologia e Alquimia de 1944, Mysterium coniunctionis de19955-56, Aion de 1951 e o volume que recolhe os Estudos sobre Alquimia de 1943 mostram a vastidão da documentação sobre a qual se baseia a sua pesquisa. Daí a presença deste tema não só nestas obras citadas e que seriam as principais e que formam os volumes XII, XIII e XIV das Obras completas, mas também em outros escritos e citações espalhadas pelos outros volumes, bem como escritos fora deste âmbito(9).

2.2 – O SIGNIFICADO METAFÓRICO
O significado metafórico da alquimia para Jung poderia ser visto nesta suas palavras:
"O problema central da psicologia é a integração dos opostos. Isto é encontrado em todo lugar e todos os níveis. Em Psicologia e Alquimia (Obras 12) ocupei-me da integração de Satanás.[...] Isto se realiza por meio de um processo simbólico muito complicado que coincide a grosso modo com o processo psicológico da individuação. Em alquimia este processo se chama conjunção de dois princípios.[...] As operações alquímicas eram reais, somente que a sua realidade não era física, mas sim psicológica. A alquimia representa a projeção em laboratório de uma drama ao mesmo tempo cósmico e psicológico.[...]
Na linguagem dos alquimistas a matéria sofre até que a nigredo desapareça; então a cauda do pavão ( cauda pavonis) anunciará a aurora e surgirá um novo dia, a leúkosis ou albedo. Mas neste estado de brancura não existe verdadeira vida, é um estado abstrato, ideal. Para infundir-lhe vida é preciso infundir-lhe "o sangue", a rubedo, o vermelho da vida. Somente a experiência de todos os estágios do ser pode transformar o estado ideal da albedo em uma forma de existência plenamente humana. Somente o sangue pode vivificar o estado de consciência mais alto, no qual é dissolvida o último traço de negrume, no qual o demônio não tem mais existência autônoma mas é integrado reconstituindo a profunda unidade da psique. Então a opus magnum está completa: a alma humana está completamente integrada"(10).

É a partir do processo de individuação(11) que é possível compreender a presença difusa dos recursos ao simbolismo alquímico nos escritos de Jung a partir dos anos trinta. É preciso dizer que o uso das imagens dos alquimistas ( entendidas também muitas vezes em sentido próprio, ou seja como figura) e entre estas, algumas preferidas: a água, as centelhas, o redondo, o lápis, a árvore não acontece na ótica de explicações reducionistas, mas no contexto de amplificaçao nas quais entre os materiais oníricos e os produtos da imaginação ativa e as imagens dos alquimistas se estabelece uma circularidade ou reverberação de significados. Jung faz uma leitura que adentra na história mas não é uma leitura propriamente histórica do fenômeno alquímico. O "mistério" da alquimia na compreensão de Jung consiste na afirmação clara do caráter simbólico da coniunctio alquímica na qual propriamente reside a possibilidade de utilizá-la como termo de confronto real ( realidade objetiva, externa) e como instrumento de compreensão e de comunicação para as manifestações do inconsciente coletivo na psique individual.
Jung, a partir de seu trabalho de comparação, foi o primeiro a mostrar que o simbolismo alquímico conserva ainda hoje um significado vital, e que a verdade dos antigos alquimistas lançam luzes sobre fatos e processos descobertos no âmbito de uma psicologia marcadamente empírica(12).
É assim que todos os estágios psíquicos ligados ao processo de individuação podem ser vistos metaforicamente a partir dos estágios alquímicos, a começar pelo próprio processo de análise visto como um todo:

"O encontro de duas personalidades é semelhante à mistura de duas diferentes substâncias químicas: uma ligação pode a ambas transformar."(13)
"O alquimista ilustra não somente em seus traços gerais, mas muitas vezes em detalhes desconcertantes aquela mesma fenomenologia psiquíca que o terapeuta pode observar durante o confronto com o inconsciente."(14)
Podemos citar ainda outras formas de abordagem do inconsciente como os sonhos que Jung cita e explica em Psicologia e Alquimia a partir do seu simbolismo alquímico e individual.(15)
Podemos citar ainda o uso e o significado as mandalas, chamadas pelos alquimistas como quadratura circuli , por ser um quadrado no círculo e um círculo no quadrado.(16)
No que se refere à aplicação do simbolismo ou metáfora alquímica por Jung aos estágios do processo de individuação poder-se-ia fazer um logo elenco mas consideramos suficiente o acima exposto como exemplo desta metáfora.

3 – A METÁFORA ALQUÍMICA CONSEQUENTE
Após Jung, outros estudiosos se serviram desta metáfora para estudar, descrever, explicar, desenvolver os estágios do processo de individuação.
Entre eles podemos citar inicialmente Marie-Louise von Franz, colaboradora de Jung e estudiosa da alquimia. Dentre suas inúmeras obras em que o tema aparece cabe citar como principal Alquimia. Introdução ao Simbolismo e à Psicologia de 1980 na qual se ressalta o estudo da obra alquímica Aurora Consurgens que constitui segundo os estudiosos, uma contribuição de primeira ordem às pesquisas históricas sobre a alquimia. Marie Louise von Franz diz que o trabalho dos alquimistas pode ser considerado um paralelo da imaginação ativa(17), mas a atenção à alquimia não se reduz no âmbito terapêutico. Ela conduz à indagar sobre a relação entre inconsciente e a realidade material. Na realidade o problema psique-matéria ainda não foi resolvido. O enigma de fundo da alquimia não foi ainda revelado.
Dando continuidade a estas questões temos a obra de Aniela Jaffé – The Influence of Alchemy on the Work of C.G. Jung,(18) que aborda o paradoxo do Mercúrio alquímico e a relação psique-corpo. Este tema foi também estudado por Edward Whitmont quando se refere à homeopatia.(19)
O uso do simbolismo alquímico como instrumento de compreensão das produções do inconsciente ( sonhos, imaginação ativa, etc.) e auxiliando no entendimento do processo de individuação pode ser vista ainda em outros autores, sendo destaque entre eles Edward F. Edinger com sua obra Anatomia da Psique. O simbolismo alquímico na Psicoterapia de 1978 na qual aparece de forma sistemática em relação com as passagens da psicoterapia os estágios alquímicos como calcinatio, solutio, coagulatio, etc. que definem os símbolos centrais da transformação.
Há ainda outra aplicação da alquimia como é o caso de David Holt que faz uma leitura a partir da relação homem-natureza dentro do grande tema da redenção da matéria.(20)
Merece destaque ainda a obra de Robert Grinnel, Alchemy in a Modern Woman(21) onde se trata do tema do inconsciente psicóide entendido como enraizamento profundo das manifestações psíquicas na realidade fisiológica. Seus estudos são classificados pelos estudiosos como ensaios de fenomenologia alquímica e de alguma maneira completam o caminho realizado por Jung em suas obras.
Por fim, dada sua diversidade é preciso citar James Hillman que partindo da metáfora alquímica junguiana vai além do seu uso como instrumento de terapia individual para chegar a uma terapia da cultura como se pode ver em o Mito da análise e nos dois ensaios dedicados aos símbolos alquímicos da albedo onde se fala da importância dos símbolos alquímicos para a superação da atitude unilateral na tradição ocidental.
"Se Jung propõe uma psicologia da alquimia, eu estou buscando uma psicologização alquímica" para expressar assim que não se trata somente de uma aplicação do simbolismo alquímico mas de uma psicologia alquímica(22). Vemos uma explicação do papel da alquimia em sua nova visão da psicologia em Revisão da Psicologia onde ela aparece como a base para patologização.(23)

CONCLUSÃO
Seriam muitos os outros exemplos e obras que, dentro da atualidade da psicologia analítica usam a metáfora alquímica,(24) no entanto, permanece o mistério da opus magnum até que se tenha alcançado o lápis, a pedra filosofal, a individuação.
Vitor P.Calixto dos Santos 


Notas
¹C.G.Jung em entrevista com Mircea Eliade em agosto de 1952 in McGUIRE e HULL, 1995,194
²Franz, 1998, 15
³Encontramos elementos históricos na obra de C.G.Jung, Psicologia e Alquimia, Obras Completas 12, 1944/91 e ainda outros detalhes na obra de Marie-Louise von Franz – Alquimia. Introdução ao Simbolismo e à Psicologia, 1998 na qual a autora em meio às explicações de ordem simbólica e psicológica expõe alguns dados históricos relativos à alquimia grega, à alquimia arábica e à importante obra alquímica Aurora Consurgens.
(4)C.G.Jung, 1944/91,§ 332
(5)C.G.Jung 1944/91, § 333-334. O amarelo não aparece na Segunda enumeração dos processos porque foi posteriormente omitido, isto por volta do século XV ou XVI, ainda que alquimia tenha continuado a tratar dos quatro elementos e de quatro qualidades ( quente, frio, seco, úmido)
(6)Sua apreciação aparecerá em 1929 como Comentário ao Segredo da Flor de Ouro presente no volume XIII das Obras Completas – Estudos sobre alquimia (não traduzido para o português).
(7)C.G.Jung em entrevista com Mircea Eliade em agosto de 1952 in McGuire e Hull, 1995,294
(8)Pereira, 1992,417-118. Faz uma citação da obra de Sabina Spielrein Ueber den psychologischen Inhalt eines Falles von Schizophrenie de 1911 na qual ela confronta algumas imagens oníricas com aspectos da visão de Zozimo, cujo conhecimento, diz ela, recebera de Jung.
(9)Cita-se um prefácio para um catálogo de alquimia de Ziegler em 1946, o verberte Alquimia e psicologia para a Enciclopedia Hebraica em 1948.
(10)C.G.Jung em entrevista com Mircea Eliade em agosto de 1952 im Mcguire - Hull,
(11)Veja a obra de Jolande Jacobi – La psicologia de C.G.Jung onde a alquimia aparece dentro do capítulo dedicado ao processo de individuação, pag.173-178
(12)Tudo isto pode ser percebido no volume Psicologia e Alquimia, particularmente sua primeira parte.
(13)C.G.Jung em Os problemas da Psicoterapia moderna
(14)C.G.Jung em psicologia da transferência, Obras completas 16,358
(15)Trata-se de uma série de 59 sonhos escolhidos a partir de um trabalho sobre 400 sonhos na sua maioria de Wolfgang Pauli e recolhidos por uma mulher que era colega de Jung
(16)C.G.Jung na 3ª entrevista filmada com Richard I.Evans em agosto de 1957 in McGuire e Hull, 1995,409
(17)Este é o título de outra de suas obras sobre alquimia
(18) Publicada em VV.AA. – Alchemy and the Occult, A catalogue of books and manuscripts from the collection of Paul and Mary Mellon Given to the Yale University Library, New Haven, Yale University Press, 1969/77
(19)Omeopatia e psicoanalisi, Como, Red, 1987
(20)Entre outras Jung and Marx: Alchemy, Christianity and the Work Against Nature, in Harvest, 21, 1975
(21)Publicado em 1973, Dallas, Spring
(22)Conferir o ensaio Sale: un capitolo della psicologia alchemica in Stroud – Thomas, 1987, 132-164
(23)Hillman, 1983, 166-168
(24)Por exemplo Aldo Carotenuto usa abundantemente este simbolismo no seu livro La chiamata del Daimon. Gli orizzonte della veritá e dellámore in Kafka, Milano, Bompianu,1989. O mesmo com James A Hall em Messaggi dalla Tenebra. La’interpretazione junghiana dei sogni, Como, Edizioni Red, 1986 e por fim Nathan Schwartz – Salant em Borderline: Visione e Terapia. Un approccio junghiano al paziente borderline.Milano, La biblioteca do Vivarium, 1997

BIBLIOGRAFIA
CAROTENUTO, A – La nostalgia della memoria. Il paziente e l’analista, Milano, Bompiani, 1993
EDINGER, E.F. – Anatomia da Psique. O simbolismo Alquímico na Psicoterapia, São Paulo, Editora Cultrix, 1995
FRNZ, M.-L. –Alquimia. Introdução ao Simbolismo e à Psicologia. São Paulo, Editora Cultrix, 1998
HILLMAN, J. –Re-visione della psicologia, Collana Saggi nuova serie 10, Milano, Adelphi Edizione, 1983
JACOBI, J. – La psicologia e Alquimia, Obras completas 12, Petrópolis, Vozes, 1991
MCGUIRRE, W.-HULL, R.F.C.(ed) – Jung Parla. Interviste e Incontri, Milano, Adelphi Edizioni, 1995
PEREIRA, M. – L’alchimia e la psicologia di Jung in Corotenuto, A (de) – Tratatto di Psicologia Analítica. Volume primo. La dimensione culturale, Torino, UTET, 1992, pag.415-445
STEVENS, A –Jung. Sua vida e pensamento. Uma introdução, Petrópolis, Vozes, 1993
STROUD, J. – THOMAS, G. (ed) – L’intatta. Archetipi e psicologia della verginitá femminile. Collana Immagini del Profondo 12, Como, Edizioni Red, 1987

http://www.symbolon.com.br/artigos/jungeameta.htm

12 deuses principais da Grécia



   

          Zeus (senhor dos deuses e dos homens), Hera (rainha do Olimpo), Hefesto (deus do fogo e da arte), Atena (deusa da guerra e da paz), Apolo (deus do Sol), Ártemis (deusa da caça), Ares (deus da guerra), Afrodite (deusa do amor e da beleza), Dionísio (deus do vinho), Hades (deus do mundo subterrâneo), Deméter (deusa do crescimento e da fertilidade), Poseidon (senhor dos mares)

SÍMBOLO


“ A palavra símbolo significa, etimologicamente, ‘aquilo que une’.
Há muito tempo, na Grécia antiga, quando dois amigos se separavam, cada um levava a metade de uma moeda.
Ao se reencontrarem, uniam as metades para formar outra vez a moeda, que passava a funcionar como símbolo de reconhecimento, representando a amizade e a ligação entre ambos.
Na psicologia, da mesma maneira, o símbolo liga as partes do sistema consciente-inconsciente [...]”.

       GRINBERG, p. 104                              

                 

BANDEIRAS DE ORAÇÃO TIBETANAS



As palavras tibetanas para designar as bandeiras de oração são “Dar Cho”. “Dar” significa aumentar a vida, a fortuna, a saúde, o conhecimento e a prosperidade. “Cho” significa todos os seres vivos.
As bandeiras de oração são dispositivos simples que, juntamente com a energia natural do vento, calmamente harmonizam o ambiente e, de forma imparcial, aumentam a felicidade e a boa sorte entre todos os seres vivos.
Na história das bandeiras tibetanas de oração é dito que o Buda recitou uma prece nas bandeiras de batalha entre dois povos. A paz foi logo restabelecida entre eles. A tradição de oferecer bandeiras de oração ao vento foi introduzida no Tibet no século oitavo por um discípulo de Buda.
Estas bandeiras, fixadas  a um mastro ou a um bambu, ou costuradas a cordas esticadas entre dois pontos, ondulavam livremente ao vento. Desfraldadas ao vento, a sua presença sonora acompanha a cadência das orações.
Esta prática não é uma superstição; as bandeiras não são talismãs. O Budismo, que Dalai Lama diz ser uma “ciência do espírito”, debruça-se há muito sobre a natureza e o funcionamento dos fenômenos. Com base na lei do karma, os fenômenos manifestam-se de um modo totalmente independente.
Imprimir palavras e símbolos com uma intenção pura é uma fonte de energia positiva, que produz naturalmente efeitos benéficos. Além disso, o vento que entra em contato com as bandeiras entra também em contato com o resto. É o ar que respiramos, o oxigênio que se dissolve no nosso sangue, o dióxido de carbono que os vegetais utilizam. O vento, em contato com os símbolos e   espalha por toda a parte os votos para o bem e para a felicidade.
As bandeiras são em cinco cores: azul (espaço, céu); branco ( ar, nuvens); vermelho (fogo); verde (água, natureza) e amarelo (terra), representa a boa sorte, a energia da vida e a oportunidade de que iniciativas deem certo.
As bandeiras devem ser colocadas acima de nossas cabeças, em lugar alto para que possam ser sacudidas pelo vento. Pode ser colocada entre as árvores ou no alto da janela.
Podem ser usadas em momentos especiais, por exemplo, para saudar a chegada do ano novo.


Motivação para a confecção das bandeirolas: “Que possam todos os seres receber os benefícios e encontrar a felicidade.”