quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

energias mentais e emocionais para 2014


De acordo com a Numerologia, em 2013 aprendemos a importância do 6. E essa simbologia representava a união de pessoas dotadas de ideais semelhantes.

Agora, estamos entrando em 2014.
Na numerologia, a soma de 2014 é 7: número cabalístico, o número da Criação  3 (o céu) + 4 (a terra) = 7 
No livro da Gênesis, por exemplo, vamos encontrar o sete como o número da Criação. No primeiro dia Deus criou a luz, separando-a das trevas; no segundo dia Deus criou a abóbada celeste, separando as águas de cima das águas de baixo; no terceiro, criou a terra firme, separando-a das águas, e espalhou nela a vegetação; no quarto, criou o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia criou os peixes, os monstros marinhos e os pássaros; no sexto, criou os animais, os répteis e o homem; e, no sétimo dia, Ele descansou.

  São sete as ciências naturais, são sete as virtudes, são sete os pecados capitais, assim como são sete os sacramentos, as notas musicais, os gênios persas, os arcanjos judaico-cristãos.
 No próprio cristianismo vamos encontrar o sete na base da sua principal oração. O padre-nosso inicia com uma invocação e termina com uma dedicatória. Entre o princípio e o fim vamos encontrar sete petições:
 1Santificado seja o Vosso nome;
2 - Venha a nós o Vosso reino;
3 - Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu;
4 - O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
      5 - Perdoai as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores;
6 - Não nos deixeis cair em tentação;
7 - Livrai-nos do mal.

O 7 será o simbolismo do Ano Universal que todos nós viveremos de janeiro a dezembro. No que diz respeito à vida amorosa, a simbologia do 7 costuma ser bem seletiva.

O número sugere que 2014 precisará haver muita cumplicidade no amor, na afinidade de ideias, porque o simbolismo do 7 sugere tanto ensinar quanto aprender,

O ano será regido pelo planeta Júpiter: masculino, expansivo, idealista, benévolo, exuberante. Prioriza os valores da ética, da religião e da sabedoria intuitiva.
Hoje, trago o círculo e a pomba - que representa o Espírito Santo - é, fundamentalmente, um símbolo de pureza, de simplicidade, de paz, harmonia, esperança, felicidade recuperada.
 Como a maior parte das representações de animais alados na mesma área cultural, é lícito dizer que ela representava a sublimação do instinto, da criatividade, da intuição.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Crianças nas oficinas de Natal














A Flor do Natal

poinsétia, também designada pelos nomes de bico-de-papagaiorabo-de-arara e papagaio (no Brasil), cardealflor-do-natal, ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. O seu nome científico é Euphorbia pulcherrima, que significa “a mais bela (pulcherrima) das eufórbias”.
É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas.



No Atelier de  Arteterapia, confeccionamos a flor do natal com feltro. Foi uma experiência de percepção sensorial e de criação, muito interessantes.

Quem é o Papai Noel

Papai Noel (português brasileiro) ou Pai Natal (português europeu) ("Noël" é natal em francês) é uma figura lendária que, em muitas culturas ocidentais, traz presentes aos lares de crianças bem-comportadas na noite da Véspera de Natal, o dia 24 de dezembro, ou no Dia de São Nicolau (6 de dezembro). A lenda pode ter se baseado em parte em contos hagiográficos sobre a figura histórica de São Nicolau. Uma história quase idêntica é atribuída no folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia. O Dia de São Basílio, 1 ou 1.º de janeiro, é considerado a época de troca de presentes na Grécia.
O verdadeiro Papai Noel foi uma pessoa de carne e osso, mais precisamente São Nicolau Taumaturgo – um arcebispo turco. São Nicolau costumava ajudar pessoas pobres da cidade de Mira colocando moedas de ouro nas chaminés de suas casas durante a época de Natal. Mais tarde, diversos milagres foram atribuídos a São Nicolau fazendo-o por se tornar santo. Sua imagem como símbolo natalino teve origem na Alemanha, e de lá se espalhou para mundo inteiro.
Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo, atualmente Papai Noel é geralmente retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

História de Natal

Natal na Ilha do Nanja
Cecília Meireles

Na Ilha do Nanja, o Natal continua a ser maravilhoso. Lá ninguém celebra o Natal como o aniversário do Menino Jesus, mas sim como o verdadeiro dia do seu nascimento. Todos os anos o Menino Jesus nasce, naquela data, como nascem no horizonte, todos os dias e todas as noites, o sol e a lua e as estrelas e os planetas. Na Ilha do Nanja, as pessoas levam o ano inteiro esperando pela chegada do Natal. Sofrem doenças, necessidades, desgostos como se andassem sob uma chuva de flores, porque o Natal chega: e, com ele, a esperança, o consolo, a certeza do Bem, da Justiça, do Amor. Na Ilha do Nanja, as pessoas acreditam nessas palavras que antigamente se denominavam "substantivos próprios" e se escreviam com letras maiúsculas. Lá, elas continuam a ser denominadas e escritas assim.

Na Ilha do Nanja, pelo Natal, todos vestem uma roupinha nova — mas uma roupinha barata, pois é gente pobre — apenas pelo decoro de participar de uma festa que eles acham ser a maior da humanidade. Além da roupinha nova, melhoram um pouco a janta, porque nós, humanos, quase sempre associamos à alegria da alma um certo bem-estar físico, geralmente representado por um pouco de doce e um pouco de vinho. Tudo, porém, moderadamente, pois essa gente da Ilha do Nanja é muito sóbria.

Durante o Natal, na Ilha do Nanja, ninguém ofende o seu vizinho — antes, todos se saúdam com grande cortesia, e uns dizem e outros respondem no mesmo tom celestial: "Boas Festas! Boas Festas!"

E ninguém, pede contribuições especiais, nem abonos nem presentes — mesmo porque se isso acontecesse, Jesus não nasceria. Como podia Jesus nascer num clima de tal sofreguidão? Ninguém pede nada. Mas todos dão qualquer coisa, uns mais, outros menos, porque todos se sentem felizes, e a felicidade não é pedir nem receber: a felicidade é dar. Pode-se dar uma flor, um pintinho, um caramujo, um peixe — trata-se de uma ilha, com praias e pescadores ! — uma cestinha de ovos, um queijo, um pote de mel... É como se a Ilha toda fosse um presepe. Há mesmo quem dê um carneirinho, um pombo, um verso! Foi lá que me ofereceram, certa vez, um raio de sol!

Na Ilha de Nanja, passa-se o ano inteiro com o coração repleto das alegrias do Natal. Essas alegrias só esmorecem um pouco pela Semana Santa, quando de repente se fica em dúvida sobre a vitória das Trevas e o fim de Deus. Mas logo rompe a Aleluia, vê-se a luz gloriosa do Céu brilhar de novo, e todos voltam para o seu trabalho a cantar, ainda com lágrimas nos olhos.

Na Ilha do Nanja é assim. Arvores de Natal não existem por lá. As crianças brincam com. pedrinhas, areia, formigas: não sabem que há pistolas, armas nucleares, bombas de 200 megatons. Se soubessem disso, choravam. Lá também ninguém lê histórias em quadrinhos. E tudo é muito mais maravilhoso, em sua ingenuidade. Os mortos vêm cantar com os vivos, nas grandes festas, porque Deus imortaliza, reúne, e faz deste mundo e de todos os outros uma coisa só.

É assim que se pensa na Ilha do Nanja, onde agora se festeja o Natal.


Texto extraído do livro “Quadrante 1”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1966, pág. 169
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Oficinas de Natal


Todo final de ano, realizamos uma oficina rápida de Natal, no atelier. Cada aluna oferece uma ideia para essa data festiva. Tivemos até agora, oficina de dobradura, de costura, de construção, colagem e desenho. Todas as ideias ajudaram a pensar em presentes e decorações para celebrar o Natal com muito mais 
 criatividade, amor e sensibilidade. Confira nas fotos!





Porque o natal é em 25 de dezembro?

 


No ano 245 d.C., o teólogo Orígenes repudiava a idéia de se festejar o nascimento de Jesus "como se fosse um Faraó". Há inúmeros testemunhos de como os primeiros cristãos valorizavam cada momento da vida de Jesus Cristo, especialmente sua Paixão e Morte na Cruz. No entanto, não era costume na época comemorar o aniversário e portanto não sabiam que dia havia nascido o seu Senhor. Os primeiros testemunhos indicam datas muito variadas, e o primeiro testemunho direto que afirma que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de Dezembro é de Sexto Júlio Africano, no ano 221.

De acordo com o almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C.. Na parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de janeiro o seu nascimento, ocasião do seu batismo, em virtude da não-aceitação do Calendário Gregoriano. No século IV, as igrejas ocidentais passaram a adotar o dia 25 de dezembro para o Natal e o dia 6 de janeiro para Epifania (que significa "manifestação"). Nesse dia comemora-se a visita dos Magos.

A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo Papa Libério, no ano 354 d.c..

Segundo estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.

Portanto, segundo certos eruditos, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus sol invencível", que comemorava o solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o sol de justiça" (Malaquias 4:2) e a "luz do mundo" (João 8:12) expressam o sincretismo religioso.

As evidências confirmam que, num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, o "nascimento do deus sol invencível" (Natalis Invistis Solis), e tentaram fazê-la parecer “cristã”. Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese, o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em junho.

Há muito tempo se sabe que o Natal tem raízes pagãs. Por causa de sua origem não-bíblica, no século 17 essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram, e alguns novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser um grande feriado religioso, e ainda é em muitos países.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O POTE RACHADO ( conto popular hindu adaptado)


Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço.
            Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim do  longo caminho entre o poço e a casa do chefe; o pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água, na casa de seu chefe.

Água,  fonte de vida e meio de purificação; Símbolo de expansão, fluidez, frescor e relaxamento; água como facilitadora da ativação da função psicológica sentimento.

Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer.
 Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, num dia de verão de sol forte, o pote falou para o homem , um dia à beira do poço,
Estou envergonhado e quero pedir-lhe desculpas.
 Por quê? Perguntou o homem.
De que você está envergonhado?
Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas a metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, não ganha o salário completo dos seus esforços e ainda tem que suportar esse calor imenso como fogo queimando seus miolos, disse o pote.

Fogo,  que é luz, vida, paixão. Que queima e aquece, que dá cor, brilho e alegria. Fogo que transmite sensualidade; que ilumina mas pode também destruir e causar medo. Fogo da intuição.

 O homem ficou triste pela situação do velho pote e com compaixão falou:
Quando retornarmos para a casa de meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho.
 De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou as flores selvagens ao longo do caminho, balançando na brisa deliciosa daquela manhã, daquele vento fazendo-as dançar e isto lhe deu certo ânimo.

 Vento, ar, símbolo de liberdade e expansão, comunicação e criação; o ar como símbolo de percepção de si mesmo e de permitir a troca com o outro. Ar, ligado ao pensamento racional e fantasioso.
 
Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha.
 Disse o homem ao pote:
Você  notou que pelo caminho só havia flores no sei lado . Eu, ao conhecer o seu defeito, tirei vantagem dele. E lancei sementes de flores na terra do seu lado do caminho, e cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava.

 Terra, que sustenta, nutri e acolhe o ser; terra que permite percepções de sensações e favorece a imaginação criativa; símbolo ligado às raízes e às bases da humanidade, da Grande Mãe.

 Por dois anos eu pude colher estas lindas flores para ornamentar a mesa de meu senhor. Sem você ser do jeito que és, ele não poderia ter esta beleza para dar graça à sua vida.

Cada um de nós temos nossos próprios e únicos defeitos. Todos nós somos potes rachados.
Porém, nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos ou fraquezas. Se os reconhecermos, eles poderão gerar beleza.

Das fraquezas, nossas ou dos outros, podemos tirar forças e engrandecer a humanidade.

O POTE DA PERSEVERANÇA E A LUZ DA ESPERANÇA

Certa vez, ouviu-se falar de um monge que vivia lá no topo do Monte Fuji. Diziam que aquele era o mais sábio dos sábios e que o poder do sacerdote, era capaz de resolver todo e qualquer problema e realizar todo e qualquer desejo. Mesmo o mais sério problema e até o mais fugaz dos desejos. Então o homem mais rico daquelas terras decidiu: – Irei ter com tal monge e ele me fará o homem mais rico de todas as terras… O mais poderoso general daquelas terras, que estava ao lado do homem rico também falou: – Pois também, eu, irei ter com o tal monge e ele me fará o homem mais poderoso de todas as terras…
O mais humilde dos servos, que também os acompanhava disse: – Pois estando eu, na vossa companhia e se, apesar de minha insignificância, me for permitido estar com o monge, lhe pedirei para que ilumine e dê a minha família paz e a certeza de que nunca lhes faltará o que lhes for necessário para viver. Assim os três homens seguiram caminho, em busca daquele que era o mais sábio entre os sábios e o mais poderoso monge, capaz de resolver o mais sério problema e realizar mesmo o mais fugaz dos desejos. Ainda no caminho, o homem rico queixou-se de fraqueza e cansaço e ordenou ao servo que o carregasse em suas costas.
Este, na humildade de sua singela existência, não questionou e fez o que lhe era ordenado, levando o homem rico montado em suas costas, por toda a difícil subida ao topo do Monte Fuji. Lá chegando, encontraram o velho sábio sentado à observar a fumaça soprada pelo ventre da montanha. O homem rico foi logo se adiantando, saltando das costas do servo: – Ouvi dizer que és o mais sábio e poderoso, capaz de resolver qualquer problema e realizar qualquer desejo, pois então vim para que façais de mim o mais rico de todas as terras… O general, nem mesmo esperou que o homem rico terminasse de falar e já foi dando ordens: – Pois eu quero que me torne o homem mais poderoso de todas as terras e que o faça o quanto antes. O servo se recolheu em sua humildade e nada disse. O monge observou os três homens por um longo tempo e depois se pronunciou: – Para conseguirem tudo o que desejam, deverão procurar pelas terras mais baixas de todas as terras. Lá descobrirão a mais profunda de todas as cavernas e dentro dela haverá um pote e uma lamparina. Com esse pote e essa lamparina, seus desejos serão atendidos de pronto.
Os três homens seguiram caminho e andaram por dias, andaram por meses e… Em uma das terras por onde passaram, encontraram algumas terras vizinhas, que viviam em paz e sempre cooperavam umas com as outras. Apesar de terem perdido seus reis e generais em guerras passadas, aprenderam a trabalhar juntos e conviver em perfeita harmonia, mas o general, que era a pessoa mais poderosa de suas terras não podia admitir um lugar onde não havia poder algum e todos eram iguais, então decidiu que ele seria o homem mais poderoso daquelas terras também. Acontece que aquele povo não desejava comandar ou ser comandado e então prenderam o general onde ninguém o conseguiria libertar, até que ele aprendesse que o verdadeiro poder não está, nem pode ficar nas mãos de uma só pessoa, mas que deve pertencer a todos para que assim possam ser livres.
Não havendo o que fazer pelo general, os dois homens seguiram caminho, mas ainda na metade da jornada, o homem rico se queixou de fraqueza e cansaço e novamente ordenou que o servo o carregasse e este, na sua humildade, apenas, obedeceu. Finalmente encontraram a caverna mais profunda, nas terras mais baixas do mundo. Entraram, ainda caminhara mais alguns dia caverna adentro e quando, enfim, avistaram o pote e a lamparina, o homem rico desceu das costas do servo em um salto e correu para conferir o que havia no pote, mas… O pote estava vazio. Com a mesma vivacidade, pegou a lamparina.
Olhou-a por dentro e por fora, esfregou, virou-a de ponta-à-cabeça e… Nada aconteceu. Sem azeite, a lamparina se quer se acendeu. O homem rico, muito decepcionado, bradou furioso: – Aquele velho estava apenas a rir-se de meus desejos! Pois sim. Irei novamente ter com ele e verá do que sou capaz, com toda a minha riqueza… Furioso, o homem rico acabou por se perder entre os longos e inúmeros túneis da caverna e nunca mais retornou para suas terras e suas riquezas. Quanto ao servo, logo que percebeu que o homem rico não retornaria com ele, pegou o pote e a lamparina. Depois se colocou a caminho do Monte Fugi para ter com o monge.
Encontrou o velho sábio sentado da mesma forma que antes e ele falou: – Então trouxeste o vaso e a lamparina! Mas afinal, qual é o seu desejo? Humildemente, o servo respondeu: – Há meu senhor! Apenas desejo que forças superiores iluminem e de a minha família paz e a certeza de que nunca lhes faltará o que lhes for necessário para viver. O monge, mais uma vez, o observou em silêncio e depois lhe falou: – Pois não tenha dúvida de que forças superiores te iluminam todos os dias e que nunca faltarão aos seus a luz e todo o necessário para viver, pois trouxeste e nunca deixará de levar consigo, o vaso da perseverança e a luz da esperança, que te guiaram e a todos os seus que seguirem seus passos e nunca permitiram que lhes falte algo na vida.


 


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Exposição CCBB - Rio de Janeiro

"Quando eu estava desenhando, os padrões iam se expandindo tanto que iam para fora da tela, para preencher o chão e a parede. Então, quando eu olhava para longe, via uma alucinação e ficava envolvida por essa visão. E foi assim que me tornei uma artista do espaço."  Yayoi Kusama


Yayoi Kusama, nasceu em 22 de março de 1929, na província de Nagano. É simplesmente a maior artista contemporânea japonesa. Se fosse possível classifica-la, poderíamos dizer que é pop, mas seu trabalho é uma mistura de diversas formas e tendências, porque inclui colagens, pinturas, esculturas, vídeos, performances e instalações ambientais. A característica que se transformou na marca registrada da artista foi um padrão de repetição e acumulação marcado pela obsessão por pontos e bolas. Mas Kusama não é só artes visuais, ela também é escritora, tendo publicado romances e poemas. A artista ainda teve uma grife nos anos 60, e em 2012, fez uma parceria com a Louis Vuitton.







terça-feira, 12 de novembro de 2013

A dança cósmica


Os místicos orientais possuem uma visão dinâmica do Universo, semelhante à da física moderna e, consequentemente, não é de se surpreender que eles também tenham usado a imagem da dança para expressar sua intuição da natureza.
Um belo exemplo dessa imagem de ritmo e dança aparece no livro Tibetan journey, de Alexandra David-Néel, onde ela relata seu encontro com um lama, um “mestre do som”, que lhe transmitiu a seguinte descrição de sua visão da matéria: todas as coisas[...] são agregados de átomos que dançam e que, por meio de movimentos, produzem sons. Quando o ritmo da dança se modifica, o som que produz também se modifica. [...]
A metáfora da dança cósmica encontrou sua expressão mais bela e profunda no hinduísmo, na imagem do deus dançarino Shiva. Entre suas várias encarnações, Shiva [...] aparece como o rei dos dançarinos. Segundo a crença hindu, todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento, e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte, que se desdobra em ciclos intermináveis.

    

domingo, 3 de novembro de 2013

TIPOS E FUNÇÕES PSICOLÓGICAS

Para explicar as diferenças dos Tipos Psicológicos, Jung lançou mão do conceito de Função Psíquica ou Função Psicológica. Esta é uma atividade da psique que apresenta uma consistência interna, sendo uma atribuição congênita, que estabelece habilidades, aptidões e tendências no relacionamento do indivíduo com o mundo e consigo mesmo. O modo preferencial de uma pessoa reagir ao mundo deve-se dentre outras razões, à herança genética, às influências familiares e às experiências que o indivíduo teve ao longo de sua vida.
Além dos dois tipos de atitude, a extroversão e introversão, Jung  verificou que existiam diferenças importantes entre pessoas de um mesmo grupo, ou seja, um introvertido poderia diferir muito de outro introvertido. Para Jung, essas diferenças entre os indivíduos eram causadas pelas diversas maneiras com que as pessoas utilizam suas mentes, ou seja, pelas funções psíquicas e/ou processos mentais preferencialmente utilizados pela pessoa para se relacionar com o mundo externo ou interno.
Jung identificou quatro Funções Psíquicas que a consciência usa para fazer o reconhecimento do mundo exterior e orientar-se. Ele definiu as funções como: Sensação, Pensamento, Sentimento e Intuição – estas, junto com as atitudes de introversão e extroversão, representarão os Tipos Psicológicos.
Ao demonstrar as quatro funções, Jung escreveu:
Sob o conceito de Sensação pretendo abranger todas as percepções através dos órgãos sensoriais; o Pensamento é a função do conhecimento intelectual e da formação lógica de conclusões; por Sentimento entendo uma função que avalia as coisas subjetivamente e por Intuição entendo a percepção por vias inconscientes ... A Sensação constata o que realmente está presente. O Pensamento nos permite conhecer o que significa este presente; o Sentimento, qual o seu valor; a Intuição, finalmente, aponta as possibilidades do “de onde” e do “para onde” que estão contidas neste presente... As quatro funções são algo como os quatro pontos cardeais. Tão arbitrárias e tão indispensáveis quanto estes.” Jung (1971a: 497)

Criatividade

São os seguintes os oito critérios da criatividade apresentados por  Guilford ( Psicólogo da Universidade da Califórnia)  e Lowenfeld (Psicólogo da Universidade da Pensilvânia) :
1) sensibilidade aos problemas (o que permite notar as sutilezas, o pouco comum, as necessidades e os defeitos nas coisas e nas pessoas);
 2) estado de receptividade (manifestando que o pensamento está aberto e é fluente);
3) mobilidade (capacidade de adaptar-se rapidamente a novas situações);
4)originalidade (propriedade considerada suspeita pela ordem social e uma das mais importantes do pensamento divergente);
5) atitude para transformar e redeterminar (atitude de transformar, estabelecer novas determinações dos materiais diante de novos empregos);
 6) análise (ou faculdade de abstração por meio da qual passamos da percepção sincrética das coisas à determinação dos detalhes. Permite reconhecer as menores diferenças para descobrir a originalidade e a individualidade);
7) síntese (consiste em reunir vários objetos ou partes de objetos para dar-lhes um novo significado);

8)organização coerente (é por meio dessa atitude que o homem harmoniza seus pensamentos, sua sensibilidade, sua capacidade de percepção com sua personalidade).


Agulha e Linha

Costurar: unir, juntar a partir da agulha e linha.

Segundo Brandão (1986) apud Souza (2010), a arte de costurar remonta do paleolítico inferior, naq era do cro-magnon quando o homem inventou as primeiras agulhas de mão feitas de osso, espinha polida de peixe e mais tarde, por volta de 5 mil a.C., de ouro, prata, cobre ou bronze.
A costura é a base para muitas artes e ofícios: tecelagem, bordados, patchwork, moda, design e artes plásticas.



O QUADRO DE PANO


Conto tibetano, autor desconhecido
Era uma vez, em uma região árida no pé das montanhas uma pobre viúva que tinha três filhos.

 O maior não prestava para grande coisa e tão pouco o segundo. O caçula que era filho carinhoso e trabalhador que sempre procurava ajudar a mãe no que podia. A mãe ficava tecendo o dia todo. Levava seus tecidos prontos para a feira de uma cidade vizinha, recebendo em troca dinheiro suficiente para comprar comida para ela e para os filhos. O caçula costumava catar lenha em uma floresta próxima, enquanto os outros dois irmãos ficavam espreguiçando-se ao sol, esperando que mãe providenciasse comida. Um dia a mãe acabou de vender seus brocados um pouco mais cedo que o de costume e foi então dar uma volta pela feira. Seus olhos pousaram numa linda tela pendurada numa loja. Era um quadro reproduzindo uma montanha parecida com a que havia atrás de sua aldeia. Só que perto dela, em vez de cabanas pobres, havia um grupo de lindas casas limpinhas. Entre elas, a mais bonita, era uma casa de andares, situada no meio de um jardim atravessado por um riacho prateado que formava um pequeno lago no qual se agitavam peixinhos vermelhos. Aves de galinheiro ciscavam aqui e acolá e belas ovelhas brancas pastavam nas ladeiras das montanhas. Campos de milhos dourados se estendiam a perder de vista. Culminando esta tela idílica, havia no topo da montanha, um grande sol de fogo. A mãe ficou pasma com a beleza do quadro e não se cansava de olhá-lo. Tirou todo o dinheiro que tinha no bolso e que acabara de receber pelos próprios tecidos e comprou o quadro. “Só uma vez”, pensava, “não será tão terrível. Na próxima vez comprarei alguma coisa melhor para os meus filhos”. No caminho, parava de vez em quando para desenrolar o quadro e admirá-lo. Como as casas brilhavam! Como o riacho cintilava! Tendo até impressão de que podia sentir o perfume das flores que embelezavam o jardim. Nunca tinha se sentido tão feliz em toda a sua vida.
Em casa, a mãe pendurou o quadro perto da porta. Não conseguia tirar os olhos de lá. Os dois filhos maiores resmungaram e acharam ridículo gastar tanto dinheiro só para comprar um quadro. Mas o caçula declarou: “Gostaria que você tivesse uma casa parecida com a desse quadro, mamãe. Com um jardim igualzinho. Se eu fosse você, teceria um quadro de pano usando esse aqui como modelo. Enquanto você estiver tecendo a casa, as flores, o riacho e as galinhas, você terá a impressão de já ser dona de tudo isso.”
– Não fique pondo essas idéias na cabeça da mamãe! Se ela começar a tecer por prazer onde é que nós vamos encontrar dinheiro pra viver?”



– É claro, se a mamãe quer viver como uma grande dama, que espere pela outra vida.
No entanto, a ideia do filho caçula a seduzia.
– Não temam meus filhos, que eu vá prejudicá-los. Vou tecer à noite e de manhãzinha para meu prazer e o resto do dia para alimentá-los. Até agora alimentei vocês e vou continuar fazendo.
Então, ela comprou os fios mais lindos e se pôs a tecer.
A mãe passou um longo ano, sentada, tecendo. De noite acendia uma tocha cuja fumaça provocava lágrimas em seus olhos. Uma a uma, as gotas cristalinas caiam sobre o pano que estava tecendo e ela, as ia incorporando ao quadro. Foi assim que teceu o lago e o riacho, com suas lágrimas. No segundo ano os pobres olhos da mãe estavam tão irritados que até sangravam, e eram lágrimas vermelhas que caiam sobre o brocado. A mãe as ia incorporando ao quadro, tecendo flores vermelhas e o sol, que iluminava o céu. No terceiro ano o quadro estava terminado. Continha tudo o que estava no modelo: uma região cheia de verduras no pé da alta montanha, casinhas que pareciam de prata, campos de milho dourado, jardins com legumes, árvores frutíferas, arbustos floridos, e, na beira da aldeia, no lugar da pobre cabana da mãe, havia uma grande construção, com colunas vermelhas, portas amarelas e telhado azul. Atrás da casa, nas ladeiras verdes da montanha, pastavam ovelhas, búfalos e vacas. Pintinhos amarelos e patinhos brincavam na grama e pássaros cruzavam o céu em vôo rápido.
Em primeiro plano havia um jardim cheio de árvores e flores brilhantes e no centro um laguinho com peixinhos vermelhos. Um riacho prateado atravessava os campos de arroz. Atrás da aldeia, havia campos de milho dourado e, bem acima, um sol de cobre que brilhava num céu azul.
A mãe enxugou os olhos avermelhados e exibiu um sorriso de satisfação.
– Venham ver como está bonito, meus filhos!




– Quanto dinheiro dariam por isso, hem. Se você o vendesse... – disse o filho mais velho.
– Por uma coisa assim você poderia ganhar uma bela soma! – completou o do meio.
– A nossa mãe construiu uma casa de seda para nós, vamos contemplá-la! Vivemos nela em pensamento!
– Teci este quadro para o meu prazer e não quero vendê-lo, mas aqui na penumbra não se enxerga muito bem tudo o que há nele. Vamos levá-lo para fora, para a luz do dia.
A mãe pendurou o quadro fora da casa e todas as cores ficaram mais intensas. Lá, à luz do dia, é que se podia ver realmente o quanto era bonito o quadro. Os vizinhos vieram admirá-lo e cada um cumprimentava a mãe que sorria de felicidade. De repente, ela sentiu no rosto a carícia de uma brisa leve. O pano de seda balançou. Um vento mais forte o sacudiu como um tapete do qual se tira o pó, e por fim, ele foi arrancado da porta de onde estava pendurado.
Num instante, o quadro saiu voando pelos ares. A mãe deu um grito e desmaiou. Os filhos procuraram por toda redondeza, mas ninguém encontrou o quadro de pano da mãe.
Depois do sumiço, a mãe começou a vagar como uma alma penada. O caçula tentava consolá-la como podia, preparando sopas de gengibre, mas a mãe ia definhando rapidamente. Depois de algum tempo, a mãe falou para o filho mais velho:
– Filho, se você quer que eu viva, vá procurar o meu quadro de pano e o traga de volta. Sem ele é como se eu tivesse perdido uma parte da minha vida.
O filho calçou suas sandálias e saiu em direção ao leste. Andou meses a fio até chegar a um desfiladeiro onde havia uma casinha de pedra. Na frente da casa havia um cavalo esticando pescoço em direção a uns morangos.
– Por que o cavalo não come os morangos? Por que será que ele fica assim esticando o pescoço e de boca aberta?

Ao se aproximar constatou que o cavalo era de pedra. Ficou muito surpreso com isso. Enquanto estava lá, contemplando o cavalo, estarrecido, uma velha sorridente saiu da casa de pedra.
– O que você está procurando, meu filho?
– Eu estou procurando um quadro de pano que nossa mãe teceu. Nele tinha... minha mãe tinha reproduzido um paisagem... uma casa, um riacho, um jardim, aves, o sol, flores... Olha, pra ela fazer este quadro não comemos bem durante anos. Mal ela acabou de tecê-lo, o vento o levou Deus sabe pra onde. Mamãe me pediu para procurá-lo. Por acaso não sabe onde ele está?
– Sim, sei. Foram as fadas da montanha ensolarada que pegaram emprestado o quadro. Querem usá-lo como modelo para tecerem um brocado igualmente bonito.
– Fico feliz em saber para onde dirigir meus passos para reencontrá-lo. A senhora poderia me indicar o caminho da montanha ensolarada? Quero ir logo lá, assim vou ficar tranqüilo.
– É fácil dizer, mas difícil de realizar. Só se pode chegar lá montado neste cavalo aqui.
– Mas este cavalo é de pedra!
– Pouco importa. O cavalo voltará à vida assim que você implantar seus dentes nas gengivas dele, para que ele possa comer os morangos. Se você quiser, eu te ajudo a arrancar seus dentes com aquela pedra. Mas isso não é nada. O cavalo fará você atravessar as chamas de um vulcão e o gelo de uma geleira. E só depois, além do mar, você vai encontrar a montanha ensolarada e as fadas. Agora, se durante o percurso, você suspirar uma vez apenas, as chamas vão reduzi-lo a cinzas. Os pedaços de gelo da geleira vão quebrá-lo todo e as ondas do mar vão afogá-lo.
O filho mais velho recuou dois passos olhando para o caminho por onde tinha vindo.
– Se você não estiver disposto, não se esforce. Melhor voltar para casa. Eu vou lhe dar uma caixinha cheia de moedas de ouro para a sua caminhada.

– A senhora vai me dar, sem mais nem menos, essas moedas? Sem nada em troca?
– Sim! Assim por nada. Ou, se você quiser, para que você coma e não sinta fome.
– Hum... De fato, é verdade. Eu prefiro voltar pra casa. – Pegando as moedas de ouro e sumindo pelo mesmo caminho do qual tinha vindo. – Para uma pessoa apenas essas moedas são suficientes. Mas para quatro, são poucas. É melhor eu ir à cidade do que voltar pra casa.
Vou viver como um senhor. – E tomou o caminho que levava à cidade.
Vendo, com o tempo, que o filho mais velho não voltava, um dia a mãe falou para o segundo filho:
– Seu irmão está viajando Deus sabe onde. Sem dúvida se esqueceu de nós. Vá, meu filho, vá ver se encontra meu belo quadro de pano.
O filho do meio calçou suas sandálias e se pôs a caminho. Andou um dia, uma semana, um mês e chegou à casinha de pedra. Viu o cavalo de pedra esticando o pescoço em direção aos morangos. A velha apareceu à porta, perguntando:
– Que bons ventos o trazem por aqui, meu filho?
– Estou procurando um quadro de pano que minha mãe teceu... O vento o levou.
– Seu irmão mais velho já passou por aqui, mas teve medo de reconquistar o quadro de pano, porque teria que atravessar chamas e geleiras montado naquele cavalo.
– Mas é um cavalo de pedra!
– Se você me deixar arrancar seus dentes com uma pedra, para implantá-los no cavalo ele reviverá. Comerá os morangos e poderá levá-lo até as fadas da montanha ensolarada que lhe irão devolver o quadro.
– Há! Era só o que me faltava! Deixar extrair meus dentes! Prefiro voltar pra casa!
– Neste caso, vou lhe dar um cofrezinho cheio de moedas de ouro. Seu irmão também as recebeu.
– Ah... Então foi por isso que meu irmão não voltou pra casa. E fez bem! Aproveitou melhor o seu dinheiro em outro lugar.
Então o irmão do meio pegou a caixinha com as moedas de ouro que lhe oferecia a velha e agradeceu educadamente, pensando em sumir o mais rapidamente de lá e ir direto à cidade.
– Ulula! Agora eu vou aproveitar a vida! Por que eu iria repartir com os meus irmãos?
Ao cabo de um mês a mãe chamou o caçula e lhe disse:
– Filho, me sinto fraca como uma mosca e se não encontrar o meu quadro, creio que não vou resistir por muito tempo mais. Meus dois filhos maiores devem estar passeando quem sabe onde! Sem dúvida se esqueceram de nós. Em você sempre tive mais confiança. Vá a procura de meu quadro!
O filho caçula calçou suas sandálias e partiu. Chegou ao desfiladeiro em frente a casinha de pedra e do cavalo de pedra com a cabeça esticada para os morangos. Na porta da casa se encontrava a velha que parecia esperar por ele.

Ela o recebeu dizendo:
– O caminho que leva para o quadro de pano é difícil. Os seus irmãos maiores preferiram receber de mim uma caixinha com moedas de ouro e ir gastá-las na cidade.
– Eu não temo nada! Eu não preciso de ouro! As moedas de ouro não irão devolver a saúde à minha mãe. Mas que devo fazer eu para recuperar o quadro de pano?

A velha explicou ao caçula o caminho que atravessava as chamas e o gelo. Também lhe disse que poderia reanimar o cavalo se arrancasse os próprios dentes e os implantasse na boca do cavalo. Mal acabara de lhe dar esta explicação, o rapaz já tinha apanhado uma pedra, quebrando seus dentes e implantado na boca do cavalo. O cavalo se reanimou, comeu os morangos e o rapaz montou nele partindo imediatamente.
– Não se esqueça: não pode dar nenhum suspiro! Mesmo que as chamas estejam queimando você ou o gelo ferindo seu corpo, se não você vai morrer.
Ofegante, o moço cavalgava cada vez mais para o interior do rochedo até chegar a um lugar cheio de chamas que saiam das entranhas da terra. As chamas o queimavam, mas ele não deu nenhum suspiro. Já estava achando que as chamas iriam acabar com ele, quando o cavalo deu um grande salto e eles foram parar num caminho bem estreito e bem sombrio.
Incitando depois, de novo, o cavalo, para continuarem a corrida. Andaram assim por muito, muito tempo, até que o rapaz começou a sentir um ar gelado. Ao longe, ouvia-se um barulho estrondoso. Mas uma vez deu uma esporada no cavalo. Corriam como o vento quando de repente o caminho estreito entre as rochas se abriu. O cavalo parou de supetão. O rapaz começou a tremer de frio. Olhando em volta, até onde a vista podia alcançar, só se via gelo.
Era uma imensa geleira com enormes icebergs ameaçadores que se chocavam com grande estrondo. Do outro lado da geleira, avistava-se bem longe, uma alta montanha verde.
– É a montanha ensolarada! Rápido cavalo! Estamos quase chegando!
O cavalo, sem hesitar, jogou-se nas ondas geladas. Aquele gelo movediço queimava e feria a pele do cavaleiro, mas o rapaz serrou a boca e não deixou nenhum suspiro escapar de seus lábios. Quando já estava quase se afogando, o cavalo conseguiu alcançar a margem. O bom sol secou as roupas, secou as feridas e, antes que ele pudesse compreender o que se passava, já se encontrava no topo da montanha.
Diante de seus olhos, brilhava um palácio de cristal e, vindos do jardim, ouviam-se risos e cantos de umas jovens. O rapaz entrou pelo portal de honra do pátio e apeou do cavalo. Viu à sua frente um grupo de belas moças ocupadas em tecer um pano. No meio delas encontrava-se o quadro de sua mãe. Ao perceberem o rapaz as moças abandonaram seus teares e vieram ao seu encontro, rindo.
Uma delas, bem miudinha, com um vestido vermelho encantou-o particularmente. A seguir, uma bela dama aproximou-se do rapaz. Ela usava um vestido brilhante como os reflexos do sol no mar. Seus cabelos compridos estavam presos por um pente de ouro.
– Sou a rainha das fadas. Nunca ninguém vem aqui. Por que você empreendeu esta viagem tão cheia de perigos?
– Vim a procura do quadro de pano de minha mãe. O vento trouxe-o até vocês e minha mãe ficou doente por causa disso.
– Não foi por mero acaso que o vento levou o quadro de pano de sua mãe, fomos nós que ordenamos que ele fizesse isso. Queríamos nos servir dele como modelo para tecermos também um lindo quadro. Se você puder emprestá-lo por mais esta noite, amanhã poderá levar embora. Enquanto isso você é nosso hospede.
O rapaz parecia viver um sonho. As fadas o rodearam rindo e fizeram com que ele provasse o néctar e a ambrosia, como convém aos imortais. Logo em seguida continuaram seu trabalho.




Ficaram tecendo a tarde toda. Ao cair o crepúsculo, suspenderam no teto uma pérola que brilhava na noite para poderem continuar tecendo até meia-noite. O rapaz estava esgotado de tantas emoções e adormeceu sem perceber. Enquanto isso, as fadinhas acabavam uma após outra, seu trabalho no tear, indo se deitar. Somente a mais jovem ficou acordada, aquela que tinha agradado ao rapaz à primeira vista. Ela ficou olhando o quadro da mãe. Nenhuma fada tinha conseguido tecer um quadro tão lindo como aquele. Nenhum riacho brilhava tanto como aquele que tinha sido tecido com suas lágrimas e, nenhum sol queimava tanto quanto ao que fora tecido com as lágrimas do sangue dela. A jovem olhou o rapaz adormecido e teve uma ideia. Pegou um fio e bordou no quadro da mãe uma fadinha de vestido vermelho, em pé, perto do lago, olhando para os peixes vermelhos.
O rapaz acordou a meia-noite, a sala estava vazia. Só havia lá o quadro tecido por sua mãe.
Ficou um pouco admirado e depois pensou:
– Por que esperar até amanhã? Minha mãe está doente e seu estado piora a cada dia.
Enrolou, pois, o pano, colocou o casaco, montou no cavalo e se pôs a caminho. Foi em vão que as ondas do mar lançaram nele os maiores gelos e que as chamas do vulcão tentaram engoli-lo. O rapaz não deu suspiro nenhum e, antes que pudesse se dar conta, estava na frente da casinha de pedra. A velhinha já estava espiando sua chegada pela porta.
– Estou feliz de vê-lo de volta, rapaz. Você é um menino bom e valente. Você conseguiu o que queria. Vou devolver-lhe seus dentes.
Retirou os dentes do cavalo e os re-implantou na boca do rapaz. No mesmo instante, o cavalo virou pedra.
– Pegue estas sandálias de pele de cervo. Ao calçá-las você retornará à sua casa no mesmo instante.
O rapaz agradeceu muito a boa velha por sua ajuda, calçou as sandálias de pele de cervo e, sem saber como, foi parar na frente da casa onde tinha nascido. Uma vizinha aproximou-se ao vê-lo chegar. De cabeça baixa, disse a ele:
– É bom que você tenha voltado, ninguém sabe o que vai acontecer com a sua mãe. Não sai mais de casa e enxerga cada vez menos.
O rapaz entrou correndo em casa, gritando:
– Olhe mamãe! Olhe logo! – E mostrou o pano que tinha guardado em baixo do seu casaco. O quarto se iluminou todo quando ele desenrolou o brocado.
Mas a mãe não respondia. Desesperado, o rapaz a procurou pela casa até vê-la, deitada no chão. Abraçou muito forte seu corpo, deitou-a na cama e chorando, olhou para o quadro de pano. Nesse momento, como por mágica, a mãe despertou.
Quando ela percebeu que seu filho tinha trazido seu quadro de volta deu um grito de alegria, no mesmo instante estava curada. Pulou fora da cama, surpresa ao ver as forças lhe voltarem.
Olhou para o quadro e, de repente, estava enxergando muito bem. Depois rogou ao filho:
– Leve o quadro para fora, filho, para eu poder vê-lo melhor.
O filho levou o quadro até a luz exterior e o desenrolou. As cores brilhavam. De repente, houve uma ventania e o quadro foi se desenrolando mais longe, cada vez mais longe, até cobrir toda a paisagem em volta. Tão longe quanto se podia enxergar viam-se campos de milho dourado, manadas de ovelhas, nuvens de pintinhos amarelos correndo por todo lado, no meio de patinhos. Um belo jardim atravessado por um riacho e as mais lindas flores. Tudo na natureza era como no quadro. Das casinhas prateadas saiam, agora, os vizinhos maravilhados, não acreditando no milagre.
O filho pegou a mãe pela mão e a levou para o jardim. Foram devagar em direção ao lago, não se cansando de ver tantas maravilhas. De repente, o rapaz parou estupefato, o coração batendo a mil por hora. Perto do lago estava a fadinha miudinha de vestido vermelho a lhe sorrir.
– De onde você vem?                                                                                                                                   

A mocinha pôs-se a rir, piscando os olhos.
- Eu me bordei no quadro de sua mãe e você me trouxe junto. Já que o brocado tomou vida, meu lugar também é aqui.
A mãe olhou muito feliz: – Temos agora uma grande casa, com uma filha que me fazia falta!
A fada olhou para o rapaz e se aproximou dela: – Você me aceita como esposo?
Ela respondeu que sim, com um leve sinal de cabeça. Houve uma grande festa de casamento. Além dos vizinhos, a mãe convidou os mendigos da região. Os irmãos maiores souberam de tudo. Já fazia muito tempo que haviam gasto todas as moedas de ouro e, como estavam acostumados a serem alimentados pelos outros, tornaram-se mendigos. Mas, quando chegaram na casa e viram as mudanças que ali aconteceram, tiveram vergonha de suas roupas esfarrapadas e preferiram não entrar. Foram embora, perdendo-se no mundo.
O caçula, ao lado da mulher fada e da mãe viveu feliz por muito tempo, numa região rica e ensolarada. E essa família nunca mais deixou de acreditar nos seus sonhos.